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Enhanced Games 2026: A competição que desafia os limites do esporte limpo

Juliana Avezum e Sofia Iervolino Almeida

Os Enhanced Games são uma nova competição internacional que propõe uma abordagem inédita no cenário esportivo: a fusão entre esporte, ciência e medicina para a maximização da performance humana. Criados por Aron D’Souza e financiados por nomes relevantes do setor de tecnologia e capital de risco, como Peter Thiel, Donald Trump Jr. e Balaji Srinivasan, os jogos têm como proposta central a valorização do uso controlado de substâncias para aprimoramento físico, sob rígido acompanhamento médico.

Marcados para acontecer entre os dias 21 e 24 de maio de 2026, no Resorts World Las Vegas, os Enhanced Games reúnem três categorias esportivas em sua edição inaugural: atletismo, natação e levantamento de peso. Diferentemente dos modelos tradicionais, as competições não seguem as diretrizes da Agência Mundial Antidopagem (em sua sigla em inglês “WADA”) e tampouco estão vinculadas ao Comitê Olímpico Internacional. No modelo proposto, os organizadores defendem que os atletas tenham autonomia para utilizar substâncias consideradas proibidas pela WADA, para aumento de performance esportiva, desde que tais substâncias sejam legalizadas, aprovadas por agências reguladoras e administradas sob avaliação clínica contínua.

Segundo a organização, a proposta não é simplesmente permitir o uso irrestrito de anabolizantes ou hormônios, mas sim, promover um ecossistema baseado na medicina esportiva moderna, nos avanços científicos e em protocolos de saúde com total transparência. O site oficial dos Enhanced Games destaca que todos os atletas participantes passarão por um perfil médico obrigatório e de última geração antes da competição. O objetivo é avaliar riscos à saúde, oferecer uma visão completa do estado físico dos competidores e garantir que os padrões de segurança sejam cumpridos.

Um dos atletas já confirmados na competição é o nadador grego-búlgaro Kristian Gkolomeev, de 31 anos. Em fevereiro, após iniciar um programa de aprimoramento físico supervisionado, Gkolomeev quebrou o recorde mundial dos 50 metros livres, ao nadar 0,02 segundos abaixo da marca de César Cielo, que durava 16 anos. Seus resultados vêm sendo citados pela organização como uma demonstração do nível de desempenho que os Enhanced Games podem alcançar.

Os apoiadores desse modelo de competição alegam que a ideia central é tratar a ciência de performance como aliada, não como inimiga do esporte. Defendem que assim como a medicina evoluiu para curar e melhorar a qualidade de vida, os Enhanced Games propõem que os limites do corpo humano também podem ser expandidos com o apoio da ciência.

Um grande atrativo para os competidores são os prêmios, que consistem em altos valores em dinheiro, incluindo bônus milionários para recordes mundiais. A organização reforça que esses recordes serão validados com base em critérios próprios, acompanhados por especialistas médicos e cientistas independentes.

Outra diferença é que a divisão dos atletas será feita com base em categorias biológicas definidas pelos cromossomos sexuais – XX e XY – substituindo a divisão tradicional entre categorias masculinas e femininas.

Com um discurso centrado na autonomia corporal, liberdade científica e transparência, os Enhanced Games se posicionamcomo uma proposta alternativa às Olimpíadas, prometendo uma experiência esportiva onde ciência, tecnologia e corpo humanos coexistem como parte de um mesmo avanço.

É importante destacar que esse modelo de competição tem causado bastante controvérsia na comunidade esportiva internacional. A WADA e diversas entidades esportivas vêm há décadas promovendo o ideal do esporte limpo, baseado na integridade, na igualdade de condições e na proteção da saúde dos atletas. Nesse contexto, os Enhanced Games surgem em clara oposição a esses princípios, propondo um formato de competição que incentiva o uso de substâncias proibidas, justamente para melhorar o desempenho esportivo (conforme diz o próprio nome).

As principais críticas se concentram nos potenciais riscos à saúde dos competidores, na normalização do uso de substâncias com efeitos colaterais severos e na possibilidade de se enfraquecer o combate global ao doping, impactando inclusive o esporte tradicional. Trata-se, portanto, de uma iniciativa que desafia não apenas normas esportivas, mas também fundamentos éticos e jurídicos consolidados no cenário esportivo mundial.

A equipe de Direito Desportivo do Bichara e Motta Advogados está à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais sobre o tema.

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