Nos últimos cinco anos, o país negociou com o exterior atletas no valor total de € 1,286 bilhão e gastou apenas € 265 milhões
O futebol brasileiro voltou aos holofotes e um dos motivos é a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), figura jurídica que abriu espaço para que clubes tradicionais, como Cruzeiro e Botafogo, por exemplo, atraíssem grandes investidores, inclusive do exterior.
Embora a entrada de investidores em clubes não seja uma novidade, desta vez é bem diferente, com conexões mais profundas, inclusive com direito ao controle de toda a parte do futebol, e a abrangência com potencial de transformar o futebol dentro e fora do campo.
Esse movimento acontece em paralelo com as negociações nos bastidores para a formação de uma liga do futebol brasileiro, similar à Premier League inglesa ou a LaLiga, do futebol espanhol.
Segundo especialistas, trata-se de uma nova classe de ativos desvinculada da economia, principalmente no mercado brasileiro. E a formação da liga deve mudar completamente o patamar de valuation dos times. Com essa ação, mudarão também os valores e, muito provavelmente, o modelo dos direitos de transmissão.
O Brasil destaca-se no ranking de negociações de jogadores no mercado do futebol desde 2017. De acordo com o CIES Football Observatory Weekly, o país negociou com o exterior atletas no valor total de €1.286 bilhão e gastou apenas €265 milhões (R$ 1,492 bilhão). Esses números são provenientes de 40 países com maior volume de negócios da modalidade.
Entre os vendedores, o Brasil ocupa a sétima posição, atrás da França, Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha e Portugal. Entre os compradores, o Brasil aparece em 15° lugar, atrás do Peru, que gastou €379 milhões. Entre os maiores gastadores estão Inglaterra, que desembolsou €6.992 bilhões, Espanha, Itália, França, Alemanha e Rússia. Fora da Europa, a China, em sétimo, aparece com €574 milhões, enquanto os Estados Unidos, em décimo, €491 milhões.
Na balança comercial, o Brasil tem o segundo melhor desempenho, com saldo positivo de €1.021 bilhão, perdendo apenas para Portugal, com €1.147 bilhão.
Em 2021, as negociações envolvendo clubes brasileiros ou jogadores locais que atuam no exterior movimentaram R$ 2,2 bilhões, segundo a Diretoria de Registro, Transferência e Licenciamento da CBF, no relatório de dados do Raio-X do Mercado.
A CBF avalia as negociações de acordo com quatro cenários: do exterior para o Brasil; do exterior para o exterior; do Brasil para o exterior; e Brasil para o Brasil. O maior valor foi apurado nos empréstimos e vendas de atletas de clubes brasileiros para agremiações estrangeiras, que totalizaram R$ 1.012.919.149,00.
Outro ponto levantado é a amplitude do futebol brasileiro. Mesmo que as principais divisões masculinas e femininas envolvam cerca de 140 clubes, o sistema da CBF tem 775 clubes profissionais registrados, além de 292 amadores.
O crescimento do mercado também pode estar associado à valorização do Campeonato Brasileiro em relação às outras disputas nacionais pelo mundo. Um estudo recente apontou o Brasileirão como o oitavo campeonato mais valorizado do mundo.
Avaliado em €1,08 bilhão, o Brasileirão está à frente de ligas renomadas, com clubes de forte apelo financeiro, provenientes da Holanda, Estados Unidos e Turquia.
A atuação de Bichara e Motta Advogados nas áreas esportivas e eSports já é uma realidade.